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Pulseira vermelha

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  Sou médico, trabalho em um hospital público, o hospital não é especializado, recebe os mais diversos pacientes nas mais diversas ocorrências. Costumeiramente trabalho até tarde, madrugada adentro. As equipes de enfermeiro e limpeza entram e saem, muitas vezes em meu turno. Acontece que numa noite dessas, já cansado de um turno de doze horas ininterruptas, chega uma ajuda. Tratava-se de uma paciente bem restabelecida, quase de alta, por assim dizer.           - Boa noite doutor, posso ajudar?           - Oi querida, aceito sim. Afinal, parece que todos os enfermeiros desapareceram. Acabou de chegar um paciente muito machucado devido uma queda de motocicleta.           - Pois não doutor, o que posso fazer?       - Os enfermeiros da ambulância já o deixaram na maca e se foram, vamos levá-lo para a sala de primeiros socorros e vamos limpá-lo. Assim foram feitos os primeiros procedimentos no rapaz. Limpo, o levamos para um quarto.           - Querida, só mais um favor.          

Meu suicídio

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  Eu já era assim, um cara triste, atormentado.  Afogava-me na bebida, frequentava a igreja aos domingos e sabia cozinhar. Na segunda-feira, independente da bebedeira, estava lá, pronto para o trabalho numa firma de telecomunicações, Assistente Administrativo. Não estava feliz e como era um cara intelectualizado, minha família não acreditava nesse conflito interior. Resolvi me mudar, começar uma vida nova. A casa era boa, mas um tanto fúnebre, amaldiçoada. Muitos tormentos na minha cabeça, muita bebida e uma voz que me dava coragem, que dizia não haver saída. Era madrugada quando pedi ajuda para minha mãe. Ela só disse para eu me acalmar e ir dormir. E foi assim, peguei uma corda e a coloquei em meu pescoço. Até hoje minha mãe se culpa por não ter me ouvido e eu continuo aqui vivo, com uma marca escura no pescoço, mesmo que ninguém me veja. Eu não descansei, Mateus mentiu quando escreveu: Venham a mim … e eu darei descanso a vocês.

Sussurros

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    Noite fria, sensação estranha.           - Não consigo dormir. Uma excitação toma conta de mim. Há várias noites, Ana tinha o sono perturbado, inquieto. Às vezes sonhava e lembrava, muitas vezes seus sonhos eram pedaços desconectados. Acordava várias vezes com a sensação de seu corpo estar sendo possuído. Bebeu água e voltou para cama, pela terceira vez em uma noite e, mais uma vez, conseguiu dormir. Dessa vez encontrou-se a correr nua, primeiro estava nas ruínas de uma casa abandonada, depois era um lamaçal. Alguém a perseguia, não dava para identificar a pessoa, se era homem ou mulher, enfim, chegou na floresta, muitos galhos, estava toda suja de lama, escureceu e no próprio sonho adormeceu. Acordou, alguém estava ali, em cima do seu corpo, tocando-a, excitando-a. Ela podia ouvir a respiração afoita, pensou em tocar o outro corpo e assim o fez. Nada sentiu, era como se ninguém estivesse ali pesando, mas estava, era mais que sensação. Enfim acordou, e se viu nua,

Brincando de roda

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  Algumas experiências da minha infância marcaram. Na maioria, contatos com a espiritualidade. Nem todos eram durante minhas noites de sono, em alguns eu me encontrava acordada. Uma noite, em especial, eu brinquei de roda e agora posso contar essa breve experiência, pois, acordei. Dessa forma, vou contar do fim: Do auto dos meus oito anos, sozinha em meu quarto, acordo cercada por crianças como eu. Estávamos todas de mãos dadas em um divertimento total com risos e batidas de pés. Por volta de seis crianças eufóricas em meu quarto, no meio da noite. Brincávamos de roda. - Ciranda, cirandinha, vamos todos cirandar, vamos dar a meia volta, volta e meia vamos dar…  Então, ao despertar e me ver ali em meu quarto rodeada por cinco crianças achei estranho, afinal, eu dormia e brincava, eu as tocava, sentia suas mãos. Como aquilo acontecia? Elas me olhavam e se olhavam entre si, até que desapareceram, assim, do nada, com o piscar dos meus olhos. Voltei para cama com uma sensação incrível de be

Alguém no meu quarto

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       Meu sono nunca foi tranquilo, acho que a atmosfera de suícidio começou a pairar na minha vida desde os quatro anos de idade e ficou até minha adolescência. Sempre me revirando e retirando todos os lençóis da cama.                Uma noite, já com 10 anos de idade, acordei por volta das 2h da madrugada.                Minha mãe dormia comigo no quarto porque eu tinha muito medo das visitas noturnas.                Comecei a ouvir passos e conversas vindos do corredor da casa.                 - Elas estão aqui.                Fiquei observando, paralisada de medo até que apareceu na porta do meu quarto um homem baixo com um balde na mão e um outro de estatura alta.                Eles olhavam para mim até que minha voz conseguiu sair da garganta:                - Mãe, mãe, tem dois homens aqui dentro de casa. São ladrões.              Minha mãe acordou atordoada e se dirigiu à porta do quarto para acender a luz. Mas, o homem com estatura baixa estava com sua mão próxima ao inter

Uma cidade fantasma

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  Virgínia e eu caminhamos pela floresta até chegar na taberna de D. Gertrudes. Ar fresco da manhã, brisa matinal gelada. Do meu casebre até a cidade não avistamos ninguém. Caminhamos muito, muito mais do que das outras vezes, até parecia que a cidade tinha mudado de lugar. Mas, seguimos em frente, conversando alegremente. Ao longe pude avistar a cidade. - Estranho, cadê todo mundo? Por que as casas estão destruídas? O que houve, Virgínia? Tudo estava diferente, uma cidade abandonada. - D. Gertrudes dirá o que aconteceu. Chegamos ao que parecia a taberna. Não era a mesma de dois dias atrás. - Vamos Virgínia, D. Gertrudes pode estar precisando de mim. Entro correndo e nada, tudo revirado, cheio de poeira, teias de aranha. - D. Gertrudes! D. Gertrudes! Ninguém. Sentamos, esperei um tempo e quando já havia desistido, D. Gertrudes aparece. - D. Gertrudes, o que houve? Há dois dias estava aqui trabalhando. - Minha filha, você não percebeu nada? Essa cidade está desabitada faz 50 anos. Só os

Ave Maria: os espíritos me procuram

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                  Não sei o que está acontecendo comigo.                Eu estava bem longe de todos. Agora muitos me procuram. Porque?                Agora acho que posso ir à cidade próxima, afinal, preciso trabalhar, me manter, comprar alimentos.                Chamarei Virgínia para ir comigo.                 Virgínia apareceu aqui do nada, bateu na porta e fizemos amizade. Eu gosto muito dela, conversamos muito, sobre tudo. Bom, quase tudo. Afinal, tenho receio de contar para ela que percebo quando as pessoas estão perto de morrer.                Ela diz que mora aqui perto e minha vida está tranquila, então não quero ficar sozinha de novo e estragar nossa amizade.               - Virgínia, o que você acha de ir comigo até a cidade? Eu preciso procurar emprego.                TOC TOC, alguém à porta.                - Boa tarde Senhor, o que deseja?                - Estou vendendo frutas, você gostaria de comprar.                - Não, obrigada.                Ele se foi. Mas, onde