Uma cidade fantasma

 

Virgínia e eu caminhamos pela floresta até chegar na taberna de D. Gertrudes.

Ar fresco da manhã, brisa matinal gelada.

Do meu casebre até a cidade não avistamos ninguém.

Caminhamos muito, muito mais do que das outras vezes, até parecia que a cidade tinha mudado de lugar.

Mas, seguimos em frente, conversando alegremente.

Ao longe pude avistar a cidade.

- Estranho, cadê todo mundo? Por que as casas estão destruídas? O que houve, Virgínia?

Tudo estava diferente, uma cidade abandonada.

- D. Gertrudes dirá o que aconteceu.

Chegamos ao que parecia a taberna.

Não era a mesma de dois dias atrás.

- Vamos Virgínia, D. Gertrudes pode estar precisando de mim.

Entro correndo e nada, tudo revirado, cheio de poeira, teias de aranha.

- D. Gertrudes! D. Gertrudes!

Ninguém.

Sentamos, esperei um tempo e quando já havia desistido, D. Gertrudes aparece.

- D. Gertrudes, o que houve? Há dois dias estava aqui trabalhando.

- Minha filha, você não percebeu nada? Essa cidade está desabitada faz 50 anos. Só os mortos moram e vêm aqui. Conta para ela Virgínia.

- Não quero perdê-la. - Falou Virgínia.

Meu sangue fugiu, senti que ia desmaiar.

- Calma Ave, eu conto tudo. Vamos voltar.

Então voltamos para meu casebre na floresta e Virgínia me contou tudo. Todos ali eram fantasmas, inclusive ela. Minha única amiga.

Chorei copiosamente.

- E agora, o que será de mim sem você. Sozinha mais uma vez.

- Ave, eu estou aqui. Não vou te deixar, a não ser que você não me queira mais.

E eu apaixonada, a beijei várias vezes.

Daí em diante, eu me senti a pessoa mais feliz do mundo ao lado da Virgínia.

Nos amamos a noite inteira. Foi a melhor sensação que eu já experimentei na minha vida.

Agora entendo que nasci para viver entre os mortos. Eles me procuram e me entendem.

Quem quiser que se afaste de mim, mas, eu não deixarei Virgínia.