A casa amarela continua...

             


E Augusto seguia incansável conversando com seus amigos.

Willy cada dia mais magro. Afinal, a interação dele com os livros não existia.

Mas, Augusto seguia e durante anos leu sem parar. Leu até o último livro daquela casa. Procurou Willy e o encontrou deitado, imóvel, só pele e osso.

Olhou em seus braços e viu pêlos, encostou suas mãos por seu rosto e sentiu arranhar. Foi então que tentou sair e nenhuma porta ou janela encontrou.

-Por fora, a casa tinha portas e janelas. Dizia Augusto.

E saiu procurando uma saída. Antes prazer e compulsão, agora o terror tomava conta do seu corpo.

Vozes ecoavam de todos os cantos da casa. Era como se os personagens dos livros ganhassem vida. Foi isso que Augusto pensou. Mas, aquela casa era antiga, muito mais do que ele imaginava. Por ela, vários leitores, como ele, haviam passado e se aprisionado.

Augusto começou a sentir seu corpo fraco, esquelético, se viu ao chão. E muitos se aproximaram, eram figuram tenebrosas que o puxavam, uns pedindo ajuda, outros o machucando. 

Muitos deformados, sem braços, sem pernas. Seus corpos sangrando, pareciam canibais, arrancando as entranhas do mais novo prisioneiro.

Agora ele pertencia à eles, antes não o conseguiam importunar.

Augusto desmaiou e ao acordar, tinha as suas carnes arranhadas, ossos expostos, sem saída. Por anos lutou e desistiu.

A casa ganhou, mais uma vez, e ficou à espera de mais um curioso, outro aventureiro para desbravar os seus mistérios.



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